Modos de Ver

Berger, John
FOSFORO

84,90

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Nestes ensaios clássicos baseados na série televisiva inglesa Modos de ver, exibida em 1972, John Berger revoluciona a crítica de arte ao apontar as estruturas de poder presentes no processo de criação de imagens. Se hoje, cinquenta anos após a escri ta deste livro, ainda é preciso reforçar que “uma imagem é a recriação ou a reprodução de uma visão” — ou, como afirma Djaimilia Pereira de Almeida em seu prefácio, que devemos encarar “a visão enquanto vivificação e a observação da arte como paralel a à observação da vida” —, a leitura de Berger, essencial em tempos de propagandas por toda parte, se faz mais urgente do que nunca. O primeiro texto parte da pintura a óleo, técnica consagrada pela arte europeia.Após a reprodutibilidade técnica, tor nou-se possível ver trabalhos a óleo fora dos castelos, igrejas e residências privadas a que se destinaram um dia, e, isolados de seu contexto original, eles circulam pelo mundo sem serem de fato compreendidos. Quando se instituiu que eram obras de a rte, esses trabalhos passaram a ser interpretados — e mistificados — segundo pressupostos como beleza, verdade e genialidade, os quais eram ditados pelo modo de ver específico de uma minoria social no poder. Em outro ensaio, John Berger aborda a repr esentação da mulher na arte ocidental, apreendendo de que maneiras na tradição do nu o corpo feminino se tornou objeto a serviço do olhar masculino. Com perspicácia, o autor afirma que o protagonista de um nu jamais é mostrado: ele é o espectador dia nte do quadro, para quem as “figuras assumem a sua nudação”. Berger esmiuça, ainda, as naturezas-mortas, que em seu auge expunham objetos extorquidos por feitorias escravocratas. E não se priva de olhar para o impacto da publicidade no século 20, exp ondo como ela se vale da tradição artística para explorar os impulsos consumistas de quem a observa. Coletivo, emancipatório e com toda a vitalidade da insurreição social dos anos 1970, Modos de ver é um tratado contra o sequestro do olhar pela image m na sociedade capitalista e um alerta para a linguagem não verbal.